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POLTERGEIST, O FENÔMENO


POLTERGEIST, O FENÔMENO (Poltergeist, 1982, MGM Pictures, 114min) Direção: Tobe Hopper. Roteiro: Steven Spielberg, Michael Grais, Mark Victor, história de Steven Spielberg. Fotografia: Matthew F. Leonetti. Montagem: Michael Kahn. Música: Jerry Goldsmith. Direção de arte/cenários: James H. Spencer/Cheryal Kearney. Casting: Jane Feinberg, Mike Fenton, Marci Liroff. Produção: Frank Marshall, Steven Spielberg. Elenco: Jobeth Williams, Craig T. Nelson, Beatrice Straight, Heather O'Rourke, Dominique Dunne, Oliver Robins, Zelda Rubinstein. Estreia: 04/6/82

3 indicações ao Oscar: Trilha Sonora, Efeitos Sonoros, Efeitos Visuais

Houve uma época, nos primórdios de Hollywood em que quem dava as cartas era o produtor. Pois é o que parece acontecer em “Poltergeist, o fenômeno”. Mesmo sendo assinado pelo diretor Tobe Hopper, ele passa a nítida impressão de que é um produto típico de seu produtor, Steven Spielberg, na época colhendo os louros do sucesso de "Os caçadores da arca perdida" e em vias de estrear o ainda mais bem-sucedido "ET, o extra-terrestre". Quando o filme acaba, depois de duas horas de um ritmo acelerado e tenso, fica na cara quem foi que deu a palavra final em sua realização. Dono de um estilo facilmente identificável, Spielberg deixa sua marca inconfundível em cada momento do filme, um grande sucesso de bilheteria que busca sua maior inspiração nos antigos filmes de terror que contavam, como elemento central, com uma casa mal-assombrada.

Os protagonistas de "Poltergeist" são uma tipica família classe-média americana. O pai, Steven (Craig T. Nelson) trabalha em construção civil, e a mãe, Diane (Jobeth Williams) dedica-se ao lar e aos três filhos. Eles moram um bucólico subúrbio americano (primeiro sinal da presença de Spielberg na concepção do projeto) e são um exemplo perfeito de um núcleo familiar saudável e feliz - mesmo que, de vez em quando, os pais ainda tentem resgatar sua juventude através de baseados fumados sorrateiramente em seu quarto. A família Freeling vive suas vidas de forma tranquila e organizada até que acontecimentos sobrenaturais começam a surpreendê-los. Cadeiras passam a mover-se sozinhas, talheres entortam, portas se abrem sozinhas. A transição entre "interessante" e "apavorante" acontece quando, depois de uma noite de tempestade, a caçula da família, Carol Anne (Heather O'Rourke) desaparece misteriosamente e, para espanto geral, parece estar presa em uma outra dimensão, cujo canal de contato é o aparelho de televisão. Contando com a ajuda de parapsicólogos (entre eles a ótima veterana Beatrice Straight e a bizarra Zelda Rubinstein como Tangina), eles tentam recuperar a menina, enquanto revelações sobre a maneira como a casa foi construída explicam os motivos de toda a desgraça que se abate sobre a família.


Na verdade, "Poltergeist" É um filme de Steven Spielberg, que não pôde assiná-lo porque o sindicato dos diretores não permitia, na época de seu lançamento, que um cineasta trabalhasse em dois projetos simultaneamente - e "ET" estava sendo realizado ao mesmo tempo. Isso explica porque, por exemplo, apesar de ser um filme de terror na acepção mais clássica do termo, não haja, nele, nenhuma morte ou nenhuma cena excessivamente violenta. É um filme de terror feito para a família e, dentro desse universo um tanto limitado, uma pequena obra-prima.

Não há como negar que “Poltergeist” é um dos melhores filmes de terror dos anos 80. Seu clima soturno, sublinhado pela trilha sonora de Jerry Goldsmith, tem seus momentos de tensão valorizados pelos ótimos Jobeth Williams e Craig T. Nelson, escolhidos para o elenco por não serem astros e convencerem mais como gente normal - e é bom lembrar que a pequena Heather O'Rourke, que interpreta a inesquecível Carol Anne ficou com o papel porque a outra finalista, Drew Barrymore, não parecia tão angelical. Barrymore ficou com o papel de Gertie em "ET" e mantém uma carreira ativa. O'Rourke morreu em 1988, vítima de uma doença no intestino, dando seguimento a boatos que diziam que o filme estava amaldiçoado (boatos esses que começaram com o assassinato, aos 22 anos, meses depois da estreia, da atriz Dominique Dunne, que vivia a filha mais velha dos Freeling)

No entanto, há algo que incomoda em "Poltergeist": a profusão de efeitos especiais esvazia a trama desnecessariamente. A opção em contar visualmente o que poderia ter sido imaginado tem a cara de Spielberg e de certa forma diminui o impacto que a história interessante poderia ter se fosse menos explícita graficamente. Como está, “Poltergeist, o fenômeno” é um belo conto de terror, mas que não assusta mais do que um passeio de montanha-russa.

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