sexta-feira

PIAF, UM HINO AO AMOR


PIAF, UM HINO AO AMOR (La Môme, 2006, Lègende Films, 140min) Direção: Olivier Dahan. Roteiro: Olivier Dahan, Isabelle Sobelman. Fotografia: Tetsuio Nagata. Montagem: Richard Marizy. Música: Christopher Gunning. Figurino: Marit Allen. Direção de arte/cenários: Olivier Raoux/Stéphane Cressend, Petra Kobedova, Cecile Vatelot. Produção: Alain Goldman. Elenco: Marion Cottilard, Gérard Depardieu, Emmanuelle Seigner, Sylvie Testud. Estreia: 14/02/07

3 indicações ao Oscar: Atriz (Marion Cottilard), Figurino, Maquiagem
Vencedor de 2 Oscar: Atriz (Marion Cottilard), Maquiagem
Vencedor do Golden Globe de Melhor Atriz Comédia/Musical (Marion Cottilard)

Se alguém tem dúvidas sobre os motivos que levaram Marion Cottilard a tornar-se apenas a segunda atriz a levar o Oscar por um trabalho não falado em inglês basta assistir a "Piaf, um hino ao amor". A biografia da cantora Édith Piaf - realizada por um inspirado Olivier Dahan - tem na bela Cottilard seu maior e mais espetacular trunfo. Sua interpretação avassaladora - que lhe rendeu também um BAFTA e um Golden Globe - amortece até mesmo alguns momentos confusos do roteiro parcialmente inspirado na autobiografia da mais famosa cantora francesa de todos os tempos. Deslumbrante na vida real, Cottilard desaparece diante da maquiagem e da personalidade gigantesca da pequena Piaf, em uma das mais impressionantes entregas de uma atriz a um papel na história do cinema.

Optando por contar sua história fora de ordem cronológica, intercalando diferentes fases da vida e da carreira de Piaf, o diretor Dahan dá a sua estrela a oportunidade única de mostrar as várias facetas da protagonista. Da juventude até sua morte precoce aos 48 anos (e extremamente envelhecida para a idade), Piaf teve uma vida repleta de lances dramaticamente interessantes para o cinema. Essa vida, que mesclava festas com a nata da boemia parisiense com dramas pessoais envolvendo assassinatos e ao menos uma trágica história de amor é contada com uma elegância à toda prova, valorizada pela fotografia em cores quentes de Tetsuio Nagata e pela edição de Richard Marizy, repleta de idas e vindas no tempo - e que, ao contrário de ser apenas um artifício narrativo estéril, serve para dar mais consistência à personalidade um tanto controversa da biografada.


Também é preciso ser óbvio e dizer o quanto a trilha sonora é parte fundamental de "Piaf, um hino ao amor". Utilizando-se de um grande número de canções na voz de Edith - apelidada de "La môme" (ou pardalzinho) na infância, devido a seu enorme talento vocal - o filme (que se tornou a terceira maior bilheteria de uma produção francesa nos EUA) tem nelas um apoio excepcional para comentar a ação e mostrar a evolução do mundo em meio a situações extremas, como a Segunda Guerra Mundial. É uma canção das mais famosas de seu repertório, "Non, je ne regrete rian" - que transformou-se na cara da protagonista - que também dá o tom exato do terço final da narrativa, que amplia a melancolia já desenhada em seu princípio. Essa música - que, por coincidência ou não, tem grande importância também no blockbuster "A origem", estrelado por Cottilard em 2010 - é, provavelmente, o melhor resumo da personalidade da biografada por Dahan, que já escreveu o roteiro pensando em sua atriz central.

E, mais uma vez, é preciso aplaudir, louvar e se render ao magnífico trabalho de Marion Cottilard. Fenomenal em todas as fases de Piaf, ela surpreende por, mesmo tão jovem, ser capaz de compreender todas as nuances da personagem, a ponto de transmutar-se nela mesmo com suas diferenças físicas. Seu Oscar é, sem sombra de dúvida, um dos mais justos e merecidos da trajetória do prêmio - e o fato de ter sido lembrada mesmo por um trabalho em língua francesa até torna menos discutível que gente como Sandra Bullock e Hale Berry esteja na lista das homenageadas. E não é à toa, também, que esteja fazendo uma gloriosa carreira tanto em Hollywood quanto em seu país natal. Estrela absoluta e por mérito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um absurdo de bom, é apenas perfeito !

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