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APENAS UMA VEZ

APENAS UMA VEZ (Once, 2007, Fox Searchlight Pictures, 85min) Direção e roteiro: John Carney. Fotografia: Tim Fleming. Montagem: Paul Mullen. Música: Glen Hansard, Markéta Irglová. Figurino: Tiziana Corvesieri. Direção de arte/cenários: Tamara Conboy/Riad Karin. Produção executiva: David Collins. Produção: Martina Nilland. Elenco: Glen Hansard, Markéta Irglová. Estreia: 20/01/07 (Festival de Sundance)

Vencedor do Oscar de Melhor Canção ("Falling slowly")

Para Yodinha, outra vez, que eu sei que também ama esse filme...

Delicadeza. Foi preciso ir até a Irlanda para que uma qualidade tão obrigatória quanto rara em histórias de amor forjadas no cinema voltasse a ser o ingrediente principal de um filme. Mesmo que passe longe dos tradicionais romances produzidos em Hollywood - e talvez exatamente por isso - o belo "Apenas uma vez" consegue o inimaginável: fazer o público acreditar no amor sem apelar para piadas calculadas ou uma plasticidade estéril. Escrito e dirigido por John Carney, "Apenas uma vez" é, como seu título sugere, o tipo de filme que infelizmente só aparece muito de vez em quando.

Os astros de "Apenas uma vez" não são lindos e sexies nem tampouco estampam capas de revistas. Muito menos tem nomes reconhecíveis e capazes de arregimentar multidões. Mas Glen Hansard e Markéta Irglová tem uma qualidade indispensável: são honestos e transmitem exatamente o turbilhão de sentimentos pelas quais passam suas personagens. Ilustrada por canções que chegam a doer de tão lindas, sua história de amizade/amor/admiração aquece o coração e estampa um sorriso no rosto do público. Pode-se pedir mais de um filme assim?


Cantores sem experiência como atores - Hansard ainda fez um papel pequeno em "Commitments, loucos pela fama", de Alan Parker - a dupla central de "Apenas uma vez" busca a cumplicidade do espectador pela sinceridade. E, dirigidos com discrição por Carney, atingem o objetivo sem parecer fazer muito esforço. Hansard vive um músico que toca nas ruas de Dublin nas horas de folga de seu trabalho na oficina de aspiradores de pó de seu pai. Sofrendo com o fim de um relacionamento, ele compõe de acordo com seus sentimentos e sua música acaba chamando a atenção de uma jovem tcheca (Irglová) que vive no país com a mãe e a filha pequena. Revelando ao rapaz que toca piano - apesar de não ter oportunidades para tal - ela inicia com ele uma relação de amizade, dificultada por seus problemas pessoais e financeiros. Em pouco tempo, eles estão apaixonados um pelo outro, mas existe um senão na história: o marido dela, que mora em seu país de origem.

Sem preocupar-se em criar imagens poderosas ou cenas dramaticamente intensas, John Carney faz de seu "Apenas uma vez" um filme que conquista aos poucos, que seduz pela suavidade que apresenta em todos os seus níveis. Da atuação natural de seus protagonistas aos diálogos simples e sem firulas - passando pela trilha sonora apaixonante - tudo funciona às mil maravilhas. É difícil não torcer pelo romance da dupla central, justamente porque entre eles tudo parece real, visceral e intenso (mesmo que não seja demonstrado de forma explícita). É essa delicadeza ímpar - capaz de baixar a guarda de qualquer um na audiência - seu maior trunfo. E tente não se deixar encantar pelas belíssimas canções entoadas pela dupla, em especial "Falling slowly" - que levou um merecidíssimo Oscar - e "Lies", cantada por Glen Hansard com uma lágrima na voz. É uma pequena obra-prima!

Um comentário:

Paulo Alt disse...

ownnnnnnnn

Um dos melhores filmes pra mim. Quando assisti não sabia praticamente nada sobre a história, mas me conectei tanto com as canções e aquilo que estava aparecendo na tela... que.. pronto!

Agora gosto mais ainda e logo logo não vou assistir sozinho.

Aquece o coração e aquece mais ainda com este post.

(adorei que colocou "Lies" também ;) )

Zukm.t
Bjoooooooooooooooo

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