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QUERIDO JOHN

QUERIDO JOHN (Dear John, 2010, Screen Gems/Relativity Media, 108min) Direção: Lasse Halstrom. Roteiro: Jamie Linden, romance de Nicholas Sparks. Fotografia: Terry Stacey. Montagem: Kristina Boden. Música: Deborah Lurie. Figurino: Dana Campbell, Kathryn Langston. Direção de arte/cenários: Kara Lindstrom/Summer Eubanks. Produção executiva: Toby Emmerich, Jeremiah Samuels, Tucker Tooley, Michelle Weiss. Produção: Marty Bowen, Wyck Godfrey, Ryan Kavanaugh. Elenco: Channing Tatum, Amanda Seyfried, Henry Thomas, Richard Jenkins. Estreia: 24/01/10

Tudo bem que Nicholas Sparks não é um escritor dos mais dotados literariamente falando, mas nada justifica o crime cometido contra seu livro "Querido John" na adaptação cinematográfica dirigida por Lasse Halstrom - que em tempos mais criativos foi saudado como um dos maiores talentos estrangeiros em Hollywood graças a "Minha vida de cachorro", pelo qual chegou a ser indicado ao Oscar. Não que o filme seja uma desgraça (pode até emocionar os coraçõezinhos mais sensíveis) mas o roteiro conseguiu estragar todas as poucas surpresas do livro e, pior ainda, mudou indecentemente o final, que funcionava muito bem no papel e provavelmente também o faria na versão para as telas. A pergunta é só uma: por que??

A trama açucarada de Sparks - autor também dos livros que deram origem a "Uma carta de amor", "Um amor para recordar", "Noites de tormenta" e o belo "Diário de uma paixão", todos eles trágicos, diga-se de passagem - conta a história de amor entre o soldado John Tyree (Channing Tatum) e a universitária Savannah Curtis (Amanda Seyfried). Eles se conhecem durante o verão de 2001 e iniciam um romance como aqueles que só a literatura e o cinema podem conceber. Duas semanas depois ele volta para o exército, mas eles se mantém correspondendo. Com o atentado ao World Trade Center, as coisas mudam: ele passa a dedicar-se ainda mais à carreira e, cansada da solidão e da distância, ela põe um ponto final no relacionamento. O que acontece a partir daí é digno de qualquer novela global.
Não se pode exigir muito de um filme como "Querido John", cujas ambições são apenas de levar adolescentes românticas ao cinema - ambições essas plenamente cumpridas com a renda de mais de 80 milhões de dólares arrecadados somente nos cinemas americanos. E, justiça seja feita, não é um filme dolorosamente ruim, como fizeram pensar muitos críticos. É preciso levar-se em consideração que é um produto ligeiro, que, sem pretensões a tornar-se um ícone de seu tempo ou um clássico romântico, pode ser assistido tranquilamente - exceção feita aos não-fãs inveterados do gênero.

Amanda Seyfried é uma graça, conforme mostrou em "Mamma Mia!" e "Cartas para Julieta", e aqui se movimenta com desenvoltura, chegando até mesmo a emocionar em momentos mais dramáticos. Channing Tatum desfila seu físico invejável boa parte do filme e, se não chega a encantar por seus dotes histriônicos, ao menos não faz feio nem ao lado de Seyfried nem contracenando com o sempre ótimo Richard Jenkins, que vive seu pai, na atuação mais interessante do longa de Lasse Halstrom. Aliás, se tem uma coisa que decepciona em "Querido John" é justamente saber que é dirigido pelo sueco.

Deixando de lado suas ousadias há um bom tempo, Halstrom enveredou pelo banal e comercial, como o inacreditável "Chocolate" e o chatinho "Chegadas e partidas", que só se salvou pelo elenco. Fosse dirigido por um cineasta menos talentoso e experiente, "Querido John" seria apenas mais um romance bonitinho a chegar às telas. Saber que foi comandado pelo homem que deu sinceridade e emoção a "Regras da vida" surpreende negativamente. Mas quantas adolescentes da plateia sabem quem é Lasse Halstrom, certo??

"Querido John" é um bom drama romântico para os menos exigentes e dá uma vontade enorme de fazer declarações de amor à pessoa certa. Mas, por incrível que pareça dizer isso de uma obra de Nicholas Sparks, o livro é melhor...

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