quinta-feira

WATCHMEN, O FILME

WATCHMEN, O FILME (Watchmen, 2009, Warner Bros/Paramount Pictures/Legendary Pictures, 162min) Direção: Zack Snyder. Roteiro: David Hayter, Alex Tse, graphic novel de Alan Moore, Dave Gibbons. Fotografia: Larry Fong. Montagem: William Hoy. Música: Tyler Bates. Figurino: Michael Wilkinson. Direção de arte/cenários: Alex McDowell/Jim Erickson. Produção executiva: Herbert W. Gains, Thomas Tull. Produção: Lawrence Gordon, Lloyd Levin, Deborah Snyder. Elenco: Malin Akerman, Billy Crudup, Matthew Goode, Jackie Earle Haley, Jeffrey Dean Morgan, Patrick Wilson, Carla Cugino. Estreia: 23/02/09 (Londres)

A sequência de abertura é sensacional e promete um filmão: enquanto os créditos de abertura surgem na tela, a canção "The times they are a-changing", de Bob Dylan, mostra as origens de um grupo de super-heróis que, mascarados e sob o codinome Minutemen, combatiam o crime nos EUA nos anos 30 e 40, até que começaram a sofrer perdas irreparáveis, através de homicídios, suicídios e prisões. Uma nova geração desse grupo, intitulado Watchmen - e bem mais afeito à propaganda pessoal - também acaba se dispersando depois que passam a ser vistos com maus olhos pela população. O violento assassinato de um dos membros desse grupo, O Comediante (Jeffrey Dean Morgan) os força a uma reunião e à conclusão de que alguém os está perseguindo com objetivos nada amigáveis.

Pena que, depois dessa abertura caprichada e excitante, a versão para o cinema de "Watchmen", um dos maiores clássicos das HQs - e que foi sempre um sonho dourado para todos os fieis fãs - caia na armadilha da qual os sucessos "X-Men" e "Homem-aranha" conseguiram escapar ilesos: a fidelidade extrema ao material de origem. Porém, o que agradou aos leitores da história criada por Alan Moore e Dave Gibbons - e que de certa forma é louvável do ponto de vista artístico - acabou empurrando o público médio a uma obra cinematográfica quase hermética com sua aposta no conhecimento prévio da trama e a um filme de ação quase sem ação, uma ficção científica que demora a mostrar a que veio e que, o pior dos males, estende-se por quase três horas de duração sem precisar. Com exceção dos fãs mais devotos, chegar ao fim de "Watchmen" sem olhar no relógio é tarefa das mais inglórias.


Não que não exista qualidades na versão de Zack Snyder - que pegou as rédeas do projeto depois do surpreendente sucesso de "300", outra HQ transformada em celulóide. É perceptível desde as primeiras cenas o cuidado com o visual - cortesia da fotografia de Larry Fong - que remete imediatamente a ilustrações de sua origem e a atenção de Snyder em escolher um elenco de atores apropriados aos personagens e não astros vazios que serviriam para aumentar a bilheteria (que, aliás, foi bastante decepcionante, nem chegando a pagar seu alto orçamento, o que confirma a afirmação de que é um filme de fãs para fãs). Jeffrey Dean Morgan, visto antes em "P.S. eu te amo" é a escolha mais acertada para viver o Comediante, entregando uma atuação que equilibra sarcasmo, violência e melancolia na medida certa. Jackie Earle Haley - indicado ao Oscar de coadjuvante por "Pecados íntimos" - é um Rorschach amedrontador e Patrick Wilson mostra que é um ator versátil ao viver Nite Owl sem a ambição de parecer um super-herói clichê e Billy Crudup tem a difícil tarefa de passar o tempo todo invisível sob o visual do dr. Manhattan - certamente o personagem que de certa forma dá sentido à trama, ainda que só mostre mesmo a que veio nos vinte minutos finais.

É lógico que um fã - leitor da obra original e apreciador do estilo realista/fantasioso de sua história - não se importa com o fato de o filme ser longo e não manter um ritmo constante. Também não se incomodará com a ânsia de Snyder em ser tão literal à sua origem que, para isso, sacrifica a audiência daqueles que procuram apenas um bom filme de ação. E é para eles que "Watchmen, o filme" foi feito. Mas dá pra imaginar como poderia ficar com um diretor de verdade - Christopher Nolan, David Fincher - por trás das câmeras. E certamente seria melhor.

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