quarta-feira

HORROR EM AMITYVILLE

HORROR EM AMITYVILLE (The Amityville horror, 1979, AIP Pictures, 117min) Direção: Stuart Rosenberg. Roteiro: Sandor Stern, livro de Jay Anson. Fotografia: Fred J. Koenekamp. Montagem: Robert Brown Jr.. Música: Lalo Schifrin. Direção de arte/cenários: Kim Swados/Robert Benton. Produção executiva: Samuel Z. Arkoff. Produção: Elliot Geisinger, Ronald Saland. Elenco: James Brolin, Margot Kidder, Rod Steiger, Don Stroud, Murray Hamilton, John Larch, Val Avery. Estreia: 27/7/79

A impressão que se tem, no final de "Horror em Amityville" - a versão original, não a desnecessária refilmagem com Ryan Reynolds realizada em 2005 - é que o filme de Stuart Rosenberg, baseado em fatos reais ocorridos em 1974 é um compilação (feliz em muitos sentidos) de todos os clichês dos filmes de horror passados em casas mal-assombradas. Construindo o suspense em pequenas doses, aumentando gradativamente a violência psicológica que toma conta do protagonista George Lutz em relação a seu declínio rumo à loucura, Rosenberg acerta em cheio ao optar pela sugestão e pelos sustos discretos em detrimento de efeitos visuais que poderiam ficar datados ou de uma violência física constante que certamente cansaria o espectador antes do final da projeção. Mostrando a presença do mal através de pequenos detalhes - ataques inesperados de abelhas, religiosos ficando doentes, insônias repentinas sempre no mesmo horário - o roteiro entrega ao público um produto que, mesmo depois de três décadas, continua eficiente em seu objetivo de causar tensão.

A trama começa com a tragédia real que deu origem ao livro de Jay Anson, quando um rapaz de 28 anos, aparentemente sem motivo algum, assassina seus pais e irmãos durante uma madrugada de março de 1974. Um ano mais tarde, uma família compra a propriedade, mesmo sabendo de seu passado um tanto sinistro - afinal, o preço é bastante convidativo. Pouco depois, George Lutz (James Brolin, pai de Josh, que em certos momentos lembra bastante o hoje famoso filho) e sua esposa, Kathy (Margot Kidder, vinda do sucesso de "Superman, o filme") fazem a mudança, junto com os três filhos do primeiro casamento dela. As coisas começam a dar errado logo de cara, ainda que eles não percebam com clareza os fatos: chamado para abençoar a casa por Kathy, católica praticante, o Padre Delaney (Rod Steiger), sozinho, é atacado por abelhas surgidas do nada e ouve uma diabólica voz o expulsando do local. Sem conseguir comunicar-se com a família Lutz, o padre pede ajuda a outros religiosos, mas, por motivos burocráticos ou insondáveis, jamais consegue contato com a mansão.


Enquanto isso, George começa a dar sinais evidentes de distúrbio. Acordando sistematicamente às 3:15 da manhã - horário em que ocorreu a chacina em sua casa - ele passa a comportar-se de forma errática, ao mesmo tempo em que outros pequenos acontecimentos deixam Kathy com a nítida sensação de que algo está fora de controle em seu lar: janelas fecham-se violentamente, portas batem trancando a babá de sua filha caçula, somas de dinheiro desaparecem misteriosamente. Perturbada com o comportamento estranho do marido, ela vai pesquisar a respeito do crime ocorrido um ano antes e descobre que o autor dos assassinatos é assustadoramente parecido com George. É o início de uma odisseia em direção ao desespero, que somente a fé de Kathy e o senso de família de George - um homem prático e pouco afeito a questões religiosas - poderão interromper.

"Horror em Amityville" foi um sucesso enorme de bilheteria, confirmando a tendência do cinema de horror em levar multidões às salas de exibição, depois de êxitos como "O exorcista" (73), "Carrie, a estranha" (76) e "A profecia" (76). Utilizando-se favoravelmente do fato de ser baseado em uma história real - apesar das dúvidas do elenco à sua veracidade - o filme também deve seu sucesso a algumas qualidades inegáveis, como a bela atuação de Brolin, o clima de suspense mantido pelo diretor Stuart Rosenberg e pela direção de arte, que construiu uma casa de visual assustador, com suas janelas superiores lembrando olhos diabólicos. Um belo exemplar do cinema de horror dos anos 70, que muito influenciou o renascimento do gênero no final da década de 90, com o medo sendo despertado pela imaginação e não apenas pelo visual sangrento.

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