terça-feira

INVOCAÇÃO DO MAL

INVOCAÇÃO DO MAL (The conjuring, 2013, New Line Cinema, 112min) Direção: James Wang. Roteiro: Chad Hayes, Carey W. Hayes. Fotografia: John R. Leonetti. Montagem: Kirk Morri. Música: Joseph Bishara. Figurino: Kristin M. Burke. Direção de arte/cenários: Julie Berghoff/Sophie Neudorfer. Produção executiva: Katherine E. Beyda, Walter Hamada, Dave Neustadter. Produção: Rob Cowan, Tony DeRosa-Grund, Peter Safran. Elenco: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Lili Taylor, Ron Livingston, Shanley Caswell, Hayley McFarland, Joey King. Estreia: 08/6/13

Um dos gêneros mais massacrados em Hollywood, o filme de terror sofre com constantes altos e baixos: a cada nova ressurreição comercial segue-se um período negro, com produções que não empolgam nem ao menos os mais fiéis espectadores. Por isso não deixou de ser uma grata surpresa o sucesso acachapante de "Invocação do mal", que com um orçamento modesto (cerca de 20 milhões de dólares), chegou às telas sem muito alarde e terminou sua temporada com mais de 130 milhões arrecadados somente no mercado doméstico. Dirigido por James Wan - que já havia exercitado sua tendência ao suspense no apavorante "Sobrenatural" - o filme, baseado em fatos reais, conquistou público e crítica ao optar por um tom sério e clássico que, destoando do humor que frequentemente prejudica o clima em produções menos bem-sucedidas, casou perfeitamente com a tétrica história de fantasmas proposta pelo roteiro enxuto e que manipula com inteligência todos os clichês do gênero.

Fotografado de forma a lembrar as produções de terror dos anos 70, "Invocação do mal" se dá ao luxo de começar contando uma história avulsa - que posteriormente deu origem a outro filme, "Annabelle" - antes de realmente entrar no universo da família Perron, um numeroso clã que descobre, da pior maneira possível, que a espaçosa casa para onde se mudaram é assombrada por diversas gerações de fantasmas que tem origem em uma bruxa condenada pelos tribunais de Salém. Apavorados com as cada vez mais violentas manifestações que ameaçam suas cinco filhas, Roger e Carolyn (Ron Livingston e Lily Taylor) resolvem procurar os dois mais famosos parapsicólogos do país para solicitar ajuda. Envolvidos em diversos casos de possessão demoníaca, Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga) a princípio pensam em recusar o trabalho, mas assim que chegam na propriedade recém-adquirida pela família percebem a força descomunal do mal, que tem objetivos bem claros em relação à Carolyn. Começa, então, uma incansável batalha que trará à tona um traumático evento acontecido com Lorraine durante um exorcismo.


Utilizando todos os elementos clássicos do gênero - portas batendo, assoalhos rangendo, espectros surgindo do nada, luzes que se apagam nos momentos mais assustadores e uma trama repleta de maldições do passado - "Invocação do mal" brinca com maestria com os clichês e os transforma em personagens da narrativa, renovando-os de acordo com os anseios de uma plateia cada vez mais acostumada com descargas de adrenalina. Economizando nos sustos e apostando suas fichas no clima e no suspense menos gráfico - ao menos até seu terço final, quando não consegue fugir do óbvio e apela para as inevitáveis sequências de exorcismo que não acrescentam nada de novo aos espectadores mais experientes - o filme de Wan tem a seu favor, ainda, a dedicação de seu elenco, com atores absolutamente entregues a seus personagens. Um filme de terror tratado como drama psicológico, "Invocação do mal" se beneficia muito da seriedade de sua produção.

Enquanto Patrick Wilson já tem experiência no gênero - ele é o protagonista de "Sobrenatural" - seus colegas de cena embarcam sem reservas na história. Vera Farmiga - indicada ao Oscar de coadjuvante por "Amor sem escalas" e que depois viveria a mãe de Norman Bates na série de tv "Bates Motel" - vive uma Lorraine Warren suave e delicada, que contrasta com a atuação nervosa de Lily Taylor, excelente na pele da atormentada Carolyn Perron, que se vê, de uma hora para outra, sendo a maior ameaça para a sobrevivência da própria família. Dirigido por segurança por James Wan, o elenco rende mais do que o que se pode esperar em uma produção do gênero, o que justifica todo o entusiasmo da plateia e da crítica em relação ao resultado final, acima da média, certamente, mas nunca o filme sensacional que todos festejaram. A sequência já está pronta para estrear. Basta ver se tudo não foi apenas um golpe de sorte: o filme certo na hora certa.

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