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O FANTASMA DA ÓPERA

O FANTASMA DA ÓPERA (Phantom of the Opera, 1943, Universal Pictures, 92min) Direção: Arthur Lubin. Roteiro: Eric Taylor, Samuel Hoffenstein, adaptação de John Jacoby, romance de Gaston Leroux. Fotografia: W. Howard Greene, Hal Mohr. Montagem: Russell Schoengarth. Música: Edward Ward. Figurino: Vera West. Direção de arte/cenários: Alexander Golitzen, John B. Goodman/R.A. Gausman, Ira S. Webb. Produção: George Waggner. Elenco: Claude Rains, Nelson Eddy, Susanna Foster, Edgar Barrier, Jane Farrar. Estreia: 12/8/43

4 indicações ao Oscar: Fotografia (Cores), Direção de Arte/Cenários (Cores), Trilha Sonora Original, Som
Vencedor de 2 Oscar: Fotografia (Cores), Direção de Arte/Cenários (Cores) 


Mais conhecido como um estúdio de produções baratas que dava ao público espetáculos de horror, com monstros que se tornaram clássicos das telas, como Drácula, o monstro de Frankenstein, o homem invisível e o lobisomem, a Universal surpreendeu a todos em 1943, quando liberou o orçamento generoso de 1,5 milhão de dólares para uma nova versão de “O fantasma da Ópera”, clássico literário de Gaston Leroux que já havia sido levado às telas – especialmente em uma adaptação com Lon Chaney, lançada em 1925 com bastante sucesso. Substituindo o tradicional preto-e-branco de suas produções mais conhecidas por um gritante technicolor que sublinhava a opulência e o luxo dos cenários (premiados com o Oscar) e dos figurinos, o diretor Arthur Lubin acabou por realizar, antes de mais um filme de terror inconsequente, um drama barroco e musical dos mais sofisticados, valorizado pelo desempenho de Claude Rains no papel-título e pela trilha sonora recheada de árias de óperas famosas – todas em domínio público para evitar o estouro do orçamento.

Pensado inicialmente como um veículo para a dupla de comediantes Abbott & Costello, “O fantasma da Ópera” finalmente voltou a ser um drama de suspense antes de ser destruído por uma versão cômica. Trabalhando sobre uma adaptação de John Jacoby, a dupla de roteiristas Eric Taylor e Samuel Hoffenstein construiu uma fábula sobre a obsessão, retratada em Enrique Claudin (Claude Rains), um dedicado violinista da Ópera de Paris que gasta, em segredo, todo o seu dinheiro como investimento na carreira da jovem Christine Dubois (Susanna Foster), cantora da mesma companhia que, apesar de talentosa, ainda não teve a sua grande chance. Quando é demitido por não mais cumprir as exigências artísticas do grupo, Claudin acaba tendo uma de suas composições roubadas e, depois de matar o ladrão, tem metade de seu rosto destruído por ácido. Escondido no porão da Ópera, ele mantém sua convicção em ajudar na trajetória de Christine, mesmo que, para isso, precise matar quem estiver em seu caminho. Enquanto isso, ela se vê dividida entre dois amores: Anatole Garron (Nelson Eddy) e Raoul Daubert (Edgard Barrier).

Caprichando nas cenas musicais – mas não a ponto de saturar a paciência do espectador menos afeito ao gênero – e aproximando sua história o máximo possível da realidade, Lubin tira proveito de todas as possibilidades do roteiro, apesar da decisão em deixar de lado as explicações a respeito da obsessão de Claudin por Christine. A dupla de rivais pelo amor da heroína está no ponto certo, imprimindo leveza a uma trama que, a despeito da violência (que não poupa nem mesmo inocentes), nunca chega ao extremo de chocar ou assustar demais. A opção em contar a história em um tom menos sombrio acaba se mostrando acertada especialmente por combinar com a atuação minimalista de Claude Rains, que evita o maniqueísmo e entrega uma performance excepcional. É seu trabalho que faz com que o público de certa forma entenda os atos de seu personagem – que, assim, deixa de ser apenas um vilão para tornar-se, de forma um tanto tortuosa, um herói capaz de tudo para proteger a quem ama. Infelizmente o mesmo não pode ser dito de Susanna Foster, uma atriz bastante medíocre e que, em cena, não parece justificar tanta devoção.

Filmado em um cenário construído também para a versão de 1925 e que depois de abrigar as filmagens de outros filmes, como “Golpe de mestre” (73) ainda existe nos estúdios da Universal, “O fantasma da Ópera” também foi premiado com o Oscar de fotografia em cores – um prêmio justo, uma vez que seu visual é boa parte responsável pelo impacto do resultado final. Seu clímax – com a queda de um gigantesco candelabro e uma perseguição pelos porões do teatro – é poderoso e adequado, encerrando com coesão e inteligência um filme que sobrevive à classificação de “filme de horror” para manter-se como uma bela e requintada produção que faz jus à obra de Leroux como poucas versões posteriores.

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